Na noite desta quinta-feira (10), a partida entre Colo-Colo e Fortaleza pela segunda rodada da Copa Libertadores 2025 terminou de forma dramática e absolutamente lamentável. Em meio a uma atmosfera já tensa, o duelo no Estádio Monumental David Arellano, em Santiago, foi interrompido aos 24 minutos do segundo tempo após uma invasão de campo protagonizada por torcedores chilenos. O que era apenas mais um jogo decisivo da fase de grupos se transformou em uma tragédia, marcada pela morte de dois torcedores do Colo-Colo nos arredores do estádio.
A tragédia começou fora de campo. Segundo informações da imprensa chilena, dois torcedores do Colo-Colo — uma jovem de 18 anos e um menino de apenas 13 — foram atropelados por um veículo da polícia quando tentavam acessar o estádio. A ação policial teria ocorrido durante um confronto com torcedores que não possuíam ingresso. O impacto da notícia, rapidamente divulgada nas redes sociais e pela mídia local, causou uma comoção imediata entre os presentes no Monumental.
Pouco depois, a revolta tomou conta da arquibancada. Torcedores do Colo-Colo, indignados com a tragédia, quebraram a divisória de vidro e invadiram o campo. Jogadores da equipe chilena tentaram conter os invasores e apelar pela calma, mas a tensão só aumentou. Enquanto isso, os atletas do Fortaleza correram para o túnel, buscando proteção diante da crescente desordem. Diante do caos, a arbitragem decidiu paralisar a partida.

A CONMEBOL, em mais um capítulo de decisões polêmicas, demorou a se pronunciar. Apenas pouco depois da meia-noite (horário de Brasília), a entidade anunciou o cancelamento do jogo e informou que o caso será encaminhado ao tribunal disciplinar para definição sobre o resultado.
Infelizmente dois torcedores faleceram na confusão fora do estádio do Colo-Colo.
— Jornal dos Sports (@JornalDosSports) April 11, 2025
🎥ESPN
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Que demora bizarra da Conmebol pra oficializar a suspensão do jogo. Zero clima pra retomar. Duas pessoas morreram, torcedores já saíram do estádio e a cabeça dos atletas já foi pro espaço. Se o jogo volta e galera que saiu resolve voltar, como faz? Risco desnecessário.
— Bruno Formiga (@brunoformiga) April 11, 2025
Rapaz, isso em Santiago é um total absurdo. Não tem polícia no estádio? Irresponsabilidade gigantesca. E em plena Libertadores.
— João Pedro Guedes (@jpedroguedes) April 11, 2025
Conmebol, que não acerta NADA, vai passar uma multinha e termina em pizza.
Tragédia no Chile marcou confronto interrompido e um vexame da CONMEBOL
Antes da interrupção, o jogo acontecia com clima tenso, mas sem grandes incidentes. O Fortaleza, que havia perdido para o Racing na estreia, precisava desesperadamente pontuar. Ciente disso, o técnico Juan Pablo Vojvoda armou a equipe com três zagueiros e deu oportunidade ao jovem Gustavo Mancha, de apenas 20 anos, entre os titulares. A proposta inicial visava controlar o ímpeto ofensivo do Colo-Colo, que iniciou a partida com maior posse de bola e empurrado pela torcida.
O time chileno pressionou desde os minutos iniciais. Aquino obrigou João Ricardo a fazer grande defesa em cabeceio. Pouco depois, Cepeda finalizou cruzado com perigo, mas mandou para fora. O mesmo Cepeda voltaria a assustar em escanteio, acertando a rede pelo lado de fora. Isla teve chance clara em mais uma jogada de bola parada, mas errou o alvo. Em seguida, Correa arrancou pela esquerda, driblou dois marcadores e exigiu nova intervenção do goleiro tricolor.
Apesar da dificuldade, o Fortaleza tentava responder. Com marcação alta em momentos estratégicos, conseguiu criar a melhor chance do primeiro tempo com Lucero, que recebeu passe de Marinho e chutou rente à trave. Ainda assim, o time nordestino teve dificuldades para se impor e cometeu muitos erros de passe, limitando sua capacidade de criação.
No segundo tempo, o Leão do Pici tentou equilibrar as ações com mudanças promovidas por Vojvoda. Entraram Moisés e Deyverson para renovar a frente de ataque. A estratégia começava a surtir algum efeito, embora o Colo-Colo continuasse mais presente no campo ofensivo. Cepeda novamente finalizou com perigo, e Correa seguiu sendo o jogador mais perigoso dos donos da casa. Entretanto, a tragédia fora das quatro linhas mudou o rumo da noite.
A atitude questionável da CONMEBOL
A interrupção definitiva do jogo não foi apenas uma resposta à invasão de campo, mas sim o reflexo da enorme instabilidade provocada pela tragédia envolvendo dois torcedores. Bárbara Perez, irmã de uma das vítimas, falou à televisão chilena nos arredores do estádio. Em prantos, ela declarou: “Vamos até as últimas consequências. Eu preciso, nós precisamos de ajuda judicial, porque isso não pode ficar assim. É uma família toda que está desolada, inclusive eu. Minha mãe está destruída, não sei como vamos seguir com isso.”
O desabafo chocou o país e repercutiu internacionalmente. Ainda segundo relatos da imprensa local, os dois jovens atropelados estavam com ingresso em mãos, o que aumenta a gravidade da situação e coloca em xeque a conduta da polícia chilena. A falta de controle no acesso ao estádio e a truculência da repressão policial geraram críticas de diversos setores, incluindo especialistas em segurança e entidades de direitos humanos.
O comportamento da CONMEBOL, por sua vez, também entrou no centro da controvérsia. A entidade demorou a se posicionar, não ofereceu suporte imediato às famílias das vítimas e, até o momento, mantém silêncio sobre medidas disciplinares mais enérgicas ou apoio institucional. O episódio escancara mais uma vez a fragilidade da organização sul-americana em lidar com situações de crise e garantir a segurança de torcedores, jogadores e profissionais envolvidos nas competições.
O que a CONMEBOL fará?
Em campo, o Fortaleza saiu prejudicado não apenas pela interrupção do jogo, mas também pelo contexto traumático que envolveu a partida. A equipe tricolor, que demonstrava evolução na etapa final, pode ver sua campanha comprometida por um episódio que está longe de ser responsabilidade do elenco ou da comissão técnica. Ainda sem data ou definição oficial sobre o que será feito com o jogo, o clube aguarda uma resposta que, até aqui, não parece ter a urgência necessária.
Nos bastidores, a diretoria do Fortaleza já iniciou articulações para levar o caso à instância superior da CONMEBOL. A expectativa é de que o clube brasileiro defenda a anulação da partida ou, ao menos, a realização de um novo jogo em local neutro. Enquanto isso, a revolta da torcida segue ecoando nas redes sociais, com críticas severas à entidade sul-americana e cobranças por justiça.
Por fim, o que era para ser um espetáculo esportivo se transformou em luto, indignação e insegurança. A tragédia em Santiago deixou marcas profundas não apenas no futebol sul-americano, mas também na memória de duas famílias que perderam seus entes de forma brutal. Resta saber se a CONMEBOL será capaz de, ao menos uma vez, colocar a humanidade à frente do regulamento.