O São Paulo protagonizou uma noite de contrastes nesta quinta-feira (10), no Morumbis, pela segunda rodada da fase de grupos da Conmebol Libertadores. Após abrir 2 a 0 com autoridade, o time tricolor sofreu um apagão no segundo tempo e cedeu o empate ao Alianza Lima, resultado que gerou vaias da torcida ao apito final. A frustração dos mais de 50 mil torcedores presentes refletiu a decepção de um jogo que tinha tudo para ser tranquilo, mas se tornou um teste de nervos.
Ferreirinha, principal nome da primeira etapa, foi o responsável por colocar o São Paulo em vantagem. Ainda nos primeiros minutos, o atacante se destacou pelas jogadas incisivas pela esquerda, explorando os espaços entre o lateral Huamán e o zagueiro Noriega. Sua parceria com Luciano produziu duas chances até que, finalmente, ele balançou a rede com dois belos gols. O primeiro surgiu após tabela rápida com Wellington, enquanto o segundo veio em chute cruzado, que explodiu a arquibancada em comemoração.
Contudo, mesmo com o domínio no placar e no campo, o técnico Luis Zubeldía decidiu substituir Ferreirinha por Wendell antes dos 20 minutos do segundo tempo, decisão que mudou o rumo da partida. Segundo o treinador, o desgaste físico do camisa 11 motivou a escolha. Em entrevista após o jogo, ele justificou: “O Ferreira, pelo desgaste que teve e conhecendo ele, se deixo mais tempo, ele se lesiona muscularmente… Libertadores é assim, 15 minutos ruins estragam a partida.”
São Paulo sofre apagão e leva empate do Alianza Lima
De fato, os “15 minutos ruins” citados por Zubeldía custaram caro. A entrada de Wendell desorganizou o setor ofensivo e fragilizou a marcação pelo lado esquerdo. O Alianza Lima, até então tímido, cresceu no jogo. Com mais liberdade para articular, o meia Gaibor passou a comandar as ações ofensivas. Aos 23 minutos, ele recebeu a escorada de Barcos na entrada da área e deu passe preciso para Eryc Castillo, que diminuiu. O erro de posicionamento de Wendell e a passividade dos volantes na proteção expuseram a fragilidade defensiva do Tricolor.
Com o gol, o time peruano se animou e passou a acreditar no empate. O São Paulo, por outro lado, pareceu sentir o golpe. Desconcentrado e espaçado em campo, o time não conseguia mais pressionar a saída de bola nem manter a posse. Aos 33 minutos, Huamán avançou com liberdade pela direita e cruzou para Quevedo, que, livre de marcação, acertou um belo voleio para igualar o marcador. O Morumbis silenciou.
Do outro lado, Zubeldía tentava reorganizar o time, mas o estrago estava feito. Sem Lucas Moura, Oscar, Pablo Maia e Luiz Gustavo, todos lesionados, o treinador viu seu elenco reduzido perder o controle do meio-campo. “Claro que não saiu bem a mudança”, lamentou o técnico. “Mas não posso permitir que se lesione. Tenho poucos extremos. (…) Fizemos um bom jogo com os dois Ferreiras, mas 15 minutos ruins te custam a vitória.”
Apagão do São Paulo
Apesar do tropeço, alguns jogadores mantiveram postura combativa até o fim. O jovem Lucas Ferreira, que atuou aberto pela direita, ainda tentou resgatar o time com jogadas individuais. Em uma delas, driblou dois marcadores e quase marcou o terceiro gol são-paulino, mas parou no goleiro Saravia. Sua atuação, embora insuficiente para garantir a vitória, mostrou personalidade em meio à instabilidade geral.
No fim, o empate deixou um gosto amargo. A torcida, que aplaudiu o desempenho no primeiro tempo, não perdoou a queda abrupta de rendimento na etapa final. As vaias ecoaram nas arquibancadas, junto com a frustração pela oportunidade desperdiçada de somar três pontos fundamentais.
Agora, o São Paulo vira a chave para o Campeonato Brasileiro, onde enfrentará o Cruzeiro neste domingo, às 18h30, fora de casa. Pela Libertadores, o Tricolor volta a campo no dia 23, contra o Cobresal, no Chile. A recuperação emocional e física será fundamental para que o time retome o rumo das vitórias e evite que novos “apagões” comprometam seus objetivos na temporada.
