SAF pra quê? Flamengo e Palmeiras dão aula de gestão a Textor

Pedro Chiaverini

outubro 31, 2025

Trabalho, remédio amargo, pagamento de dívidas, acertos jurídicos e tributários… E gestão. Poucos são os clubes que querem seguir essa receita para, a longo prazo, conquistar saúde financeira, se livrar das dívidas milionárias, muitas vezes bilionárias, e provarem o sabor do sucesso longevo.

Flamengo e Palmeiras escolheram esse caminho há mais de 10 anos. E não à toa fazem, mais uma vez, a finalíssima da cobiçada Copa Libertadores.

Em 2013, o Rubro-Negro, atolado em dívidas e sem perspectiva nenhuma, juntou uma força-tarefa, que se dissolveu ao longo do tempo por brigas pelo poder, com Eduardo Bandeira de Mello, Rodolfo Landim, BAP, Wallim Vasconcellos, entre outros empresários rubro-negros.

O resultado demorou, teve os tempos de Hernane Brocador, Val, Paulinho, cheirinho, mas, seis anos depois, veio o ano mágico e a consolidação que perdura os dias atuais.

SAF pra quê? Flamengo e Palmeiras dão aula de gestão a John Textor. Foto Vitor Silva/Botafogo
SAF pra quê? Flamengo e Palmeiras dão aula de gestão a John Textor. Foto Vitor Silva/Botafogo

Hoje, o Flamengo é o maior clube do país em todos os sentidos: financeiramente e futebolisticamente.

No Palmeiras, a história é bem parecida. No mesmo ano de 2013, Paulo Nobre assumiu o clube com a missão de colocá-lo na prateleira de cima. Emprestou dinheiro das próprias empresas ao Alviverde, a juros mais baixos do que os praticados no mercado, arrumou a casa aos poucos e, em 2015 e 2016, conquistou a Copa do Brasil e o Brasileirão, respectivamente.

Após seu mandato, viu Leila Pereira conquistar espaço no clube, primeiramente como patrocinadora e, posteriormente, presidente. Com as dívidas sanadas, a mandatária trilha o caminho do sucesso até hoje, ao lado de Abel Ferreira, que completou 5 anos no cargo.

Além da Libertadores, Flamengo e Palmeiras disputam também o título do Brasileirão, onde são os dois primeiros colocados.

Repararam que não veio nenhum milionário de fora do país, após uma desastrosa lei da SAF ser aprovada, com pompa de salvador da pátria querendo ser maior que a instituição?

Será mesmo que a única salvação é deteriorar o clube até empurrá-lo a um fundo de investimentos para achar um comprador que não conhece absolutamente nada dele?

De que adianta injetar dinheiro – sabe-se lá de onde -, ter um ano mágico, iludir a torcida, usufruir da fama de herói, curtir o Rio de Janeiro adoidado e, no ano seguinte, destruir tudo?

John Textor sequer pode ser visto pintado de ouro nos seus ex-clubes, como Crystal Palace e Lyon.

Internamente, o clima no Botafogo é péssimo. A chuva de dinheiro, que ninguém sabe de onde veio, parece, do nada, ter secado.

Hoje, os jogadores sequer viram na conta o pagamento da premiação pela campanha histórica no Mundial de Clubes. O prazo prometido para a quitação era no último dia 30.

Tudo isso em meio à guerra judicial entre a Eagle e Textor.

Enquanto isso, surge o boato de que o americano quer comprar o Wolverhampton, da Inglaterra.

Será que, um dia, a torcida do Botafogo vai acordar desse sonho de uma noite de verão?