Vinícius Jr talvez não tenha sido o primeiro injustiçado da premiação, mas escancarou um problema que pouco era comentado na mídia
Desde que o prêmio Bola de Ouro começou a coroar os melhores jogadores de futebol do mundo em 1956, a presença de vencedores negros tem sido rara, com muitos talentos excepcionais sendo ignorados.
Desde a virada do século, somente Ronaldo Nazário e Ronaldinho Gaúcho ergueram o cobiçado troféu, enquanto outros, como Thierry Henry, sofreram sucessivas injustiças mesmo após temporadas brilhantes.
Henry, um dos maiores atacantes da história do futebol, viveu seus anos mais notáveis no Arsenal, onde se destacou na campanha dos “Invincibles” em 2004, levando a equipe ao título da Premier League de forma invicta. Naquele ano, no entanto, a Bola de Ouro foi para o checo Pavel Nedved, jogador da Juventus. Apesar da boa fase de Nedved, muitos críticos consideram que a decisão ignorou o impacto e consistência de Henry durante toda a temporada.
O francês também foi preterido em 2006, quando a premiação foi para Fabio Cannavaro após a Itália vencer a Copa do Mundo. Embora Cannavaro tenha sido uma peça importante para a seleção italiana, Henry teve números mais expressivos e ainda liderou o Arsenal até a final da Liga dos Campeões. Fãs e especialistas ressaltam que, mais uma vez, o critério de escolha favoreceu uma narrativa de vitória pontual em detrimento do desempenho constante de Henry.
Com Vinícius Jr trazendo à tona questões de racismo no futebol e o reconhecimento ainda escasso de jogadores negros em premiações de destaque, cresce a necessidade de refletir sobre a representatividade e os critérios da Bola de Ouro. A disparidade na lista de vencedores reflete a persistência de estereótipos que tendem a minimizar o talento técnico e a visão de jogo de jogadores negros.
A jornada de Vinícius Jr, como a de Henry e tantos outros, mostra que a ausência de vencedores negros vai além de uma questão de mérito aponta para a urgência de uma discussão mais ampla sobre a equidade na premiação.
O futebol, assim como outras áreas esportivas, busca mais inclusão e igualdade, e as premiações precisam acompanhar essa evolução. Afinal, o reconhecimento devido não deve ser uma exceção, mas a regra para quem, independente de sua cor, transforma o jogo.