Na noite desta terça-feira, o Flamengo anunciou oficialmente que chegou a um acordo com os pais do goleiro Christian Esmério, única família das dez vítimas fatais do incêndio no Ninho do Urubu, em 2019, que ainda não havia sido indenizada. O jovem, que tinha 15 anos, era destaque nas categorias de base da Seleção Brasileira e despertava interesse de clubes do exterior quando perdeu a vida na tragédia. Até o momento, ninguém foi responsabilizado criminalmente pelo ocorrido.
Os advogados Louis de Casteja, Fernando Cesar Leite, Antônio Sergio Pereira Gonçalves e Aguinaldo Silva Dias Junior, que representam a família Esmério, divulgaram um comunicado elogiando a mudança de postura do Flamengo desde a posse do novo presidente, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, em dezembro.
— O Flamengo, ao adotar uma postura mais empática e consciente, reconheceu que a tragédia vai além de questões financeiras, honrando a memória do jovem atleta. Por conta do sigilo determinado no processo e no acordo firmado com o clube, a família e seus advogados não farão comentários sobre os termos negociados — diz a nota.
O valor da indenização não foi divulgado, pois está protegido por cláusula de confidencialidade. Em 2023, a Justiça determinou que o Flamengo pagasse R$ 2,82 milhões de danos morais aos pais de Christian (divididos igualmente entre eles), além de R$ 120 mil ao irmão e uma pensão mensal de R$ 7 mil até 2048 ou até o falecimento dos genitores.
A decisão judicial fixou um valor inferior ao que a família inicialmente pleiteava, que era de R$ 5,2 milhões por danos morais aos pais, R$ 240 mil ao irmão e uma pensão de R$ 3,9 milhões a ser paga de forma integral ou parcelada. No entanto, o montante acordado superou a proposta feita pela Câmara de Conciliação na época das negociações com as famílias, que sugeriu indenizações de R$ 2 milhões e uma pensão mensal mínima de R$ 10 mil por aproximadamente 30 anos.
Desde 2019, a torcida do Flamengo presta homenagens às vítimas do incêndio cantando, em todo minuto 10 das partidas, um cântico em memória dos garotos do Ninho, para evitar que a tragédia caia no esquecimento. Três anos após o incêndio, em 2022, o clube inaugurou uma capela ecumênica no centro de treinamento como forma de tributo.
Em 2024, a jornalista Daniela Arbex lançou o livro Longe do Ninho, que narra a história da tragédia. Além disso, todo dia 8 de fevereiro, o Flamengo realiza uma missa no Ninho do Urubu em memória das vítimas, reunindo familiares e dirigentes. No museu do clube, na Gávea, também havia uma homenagem permanente, que foi removida após a recente reforma do espaço.
Confira a nota oficial do Flamengo:
“O Clube de Regatas do Flamengo informa que celebrou acordo com a família de Christian Esmério em relação ao processo nº 0305333-17.2021.8.19.0001, que tramita na Justiça do Estado do Rio de Janeiro, e trata do pleito da última família ainda não indenizada pelo acidente ocorrido no Ninho do Urubu em 2019.”
