Flamengo de Filipe Luís resgata DNA vencedor da Era Zico

Redação

dezembro 4, 2025

Assistir a este time de 2025 levantar as taças — a nacional com a inconfundível segurança de um rolo compressor, a continental com o drama e a catarse que só a Libertadores sabe oferecer — é fazer uma viagem no tempo, com o Maracanã servindo de portal para as eras de ouro. A celebração deste ano, com a Nação em uníssono, prova que a mística rubro-negra é perene.

O Espelho de 2019: A Intensidade Máxima

A glória de hoje não é um evento isolado; é um eco vibrante que ressoa desde os primórdios. Os passes rápidos, a intensidade na marcação e a eficácia ofensiva do time de 2025 nos remetem, inevitavelmente, ao esquadrão de 2019. Lembram-se daquele ano que parecia ter saído de um roteiro de cinema? A simbiose entre o elenco talentoso e a filosofia ofensiva de Jorge Jesus culminou na virada épica contra o River Plate e na conquista simultânea do Brasileirão.

O Flamengo de 2025, embora com outros protagonistas, outra comissão técnica e, talvez, uma pegada mais pragmática, carrega a mesma chama daquele time mágico: a mentalidade vencedora e a certeza de que o Maracanã (e qualquer campo) é seu território. A pressão alta e a busca incessante pelo gol são heranças diretas daquele ciclo que redefiniu o patamar de ambição do clube.

A Fundação Mítica: A Década de 80 e o Toque de Gênio

Mas a crônica do Flamengo é muito mais antiga. O paralelo se estende, majestoso, para a década de 1980, o período que forjou o mito da superioridade. Quando vemos o camisa 10 de 2025 conduzir a bola com a cabeça erguida, é impossível não enxergar a sombra sublime de Zico. O time de hoje não joga como o de 80 — aquele era um futebol mais romântico, menos físico —, mas joga com o espírito daquela era: a arte no toque, a criatividade no meio-campo e a imponência de quem sabe que é o melhor do continente.

Os títulos de 1980 (o primeiro Brasileirão), 1981 (a primeira Libertadores e o Mundial), 1982, 1983 e a polêmica glória de 1987 não são meros números; são a fundação pétrea que estabeleceu o DNA da grandeza. Eles ensinaram ao clube que a busca pela excelência é um valor inegociável.

O Resgate da Raça: De 1992 a 2009

Aí a gente salta para 1992, o time do Campeonato Brasileiro com o experiente Júnior, o Vovô Garoto, comandando uma equipe com talentos como Nélio e Gaúcho. Aquela conquista, baseada na raça e na competência tática de Carlinhos, mostrou que o Flamengo pode vencer desafios com a força da sua história. Em 2025, essa alquimia se repete: a mescla sendo potencializada pela fome insaciável dos jovens da base.

E quem não lembra do “time dos milagres” de 2009? Aquele Brasileirão improvável, conquistado no fio da navalha após uma arrancada inacreditável no segundo turno, sob a liderança de Petkovic e os gols de Adriano Imperador, ensinou que o Flamengo jamais se rende. Esse espírito de luta, a capacidade de reverter situações adversas, é o que manteve o time de 2025 resiliente nos momentos cruciais da fase mata-mata da Libertadores.

A Consolidação da Potência: A Lição de 2022

Por fim, a solidez de 2022, com a Libertadores e a Copa do Brasil, provou que o clube havia encontrado um caminho de consistência após o ápice de 2019. Foi a demonstração de que a grandeza não era um flash, mas um novo padrão. O time de 2025 absorveu essa lição: não basta ser bom, é preciso ser constantemente vencedor.

O grande charme de 2025 é que ele não apenas repetiu a glória, mas a honrou. Honrou Zico, Júnior, Adílio, Tita. Honrou Pet, Adriano, Love. Honrou Gabigol, Bruno Henrique, Arrascaeta. O troféu erguido em 2025 não é apenas de um elenco; é um mosaico de todas essas épocas. A vibração de hoje é a prova de que o Flamengo é muito mais do que um time de futebol; é um estado de espírito. É a crônica viva de um clube que tem o título mais importante no seu nome: Paixão Eterna.

O Elástico do Tempo: Filipe Luís, O Protagonista Bipolar da Glória

2025 não é apenas o ano da dobradinha Brasileirão-Libertadores; é o ano em que o Flamengo cravou uma nova epopeia sob o comando de um rosto familiar: Filipe Luís. A glória deste ano tem a assinatura de um homem que conhece a mística rubro-negra tanto no gramado quanto na prancheta.

O Triunfo da Mente: Filipe Luís, O Treinador (2025)

A grande novidade na crônica de 2025 é que o sucesso deste time se deve, em grande parte, à inteligência tática e à liderança serena de Filipe Luís, o Treinador. Ele traduziu a cultura vencedora do clube em um modelo de jogo sólido, que uniu a intensidade da era 2019 à disciplina posicional dos grandes times europeus onde ele atuou.

Ao levantar as taças, ele não era apenas um técnico vitorioso; era a personificação da continuidade. Sua capacidade de gerir um elenco estrelado e impor um estilo que privilegiava a posse inteligente e a solidez defensiva, mas com explosão ofensiva, foi a chave. O DNA do Flamengo de 2025, de não aceitar nada menos que a vitória, foi injetado diariamente por ele, que viveu esse mesmo mantra intensamente como atleta.

O Pilar Defensivo: Filipe Luís, O Jogador (2019)

Para entender o triunfo do treinador, é preciso revisitar o auge do jogador. O time de 2025 é um eco estratégico do time de 2019, onde Filipe Luís era um dos pilares.

Naquele ano mágico, que culminou com a Libertadores e o Brasileirão, ele não era só um lateral esquerdo de técnica impecável. Ele era a voz da experiência, o jogador que trouxe a casca e a mentalidade europeia de campeão para o vestiário. Sua serenidade sob pressão, notável na final contra o River Plate, e sua qualidade na saída de bola foram cruciais para o funcionamento do esquema de Jorge Jesus.

O que o Filipe Luís jogador de 2019 ensinou ao elenco de então — a importância da concentração, a leitura de jogo apurada e o profissionalismo máximo — ele aplicou, multiplicado, como técnico em 2025.

Os Paralelos com o Passado

O sucesso de Filipe Luís como treinador em 2025 faz uma ponte direta com todas as eras de ouro:

  • A Inteligência de 1980/1981: Filipe Luís, o Treinador, herdou a inteligência tática e a visão de jogo que eram características de craques como Zico e Júnior, que elevavam o QI do time. Ele exigiu isso dos seus comandados.
  • O Ineditismo de 1992 e 2009: Assim como o time de 1992 com o Vovô Garoto Júnior (em sua segunda passagem) ou a arrancada de 2009, o time de 2025, liderado por um técnico em início de carreira, provou que a ousadia e a autoconfiança são combustíveis rubro-negros. Filipe Luís não teve medo de ser ambicioso.
  • A Consistência de 2022: A era pós-2019, que teve em 2022 a consolidação com mais uma Libertadores, ensinou a importância da gestão do elenco. Filipe Luís soube dosar o uso dos seus jogadores, mantendo a equipe fresca e competitiva nas duas frentes de batalha.

Em suma, Filipe Luís é o elo que conecta as conquistas. Como jogador em 2019, ele participou da fundação da mentalidade moderna. Como técnico em 2025, ele a levou ao seu ápice, provando que o DNA rubro-negro não se compra: ele se vive e se transmite.