Há exatos 45 anos, o Flamengo escrevia um dos capítulos mais importantes de sua história. No dia 1 de junho de 1980, diante de mais de 150 mil torcedores no Maracanã, o Rubro-Negro conquistava, pela primeira vez, o título do Campeonato Brasileiro. A vitória por 3 a 2 sobre o Atlético-MG não apenas marcou uma conquista nacional inédita, mas também representou o início de uma das eras mais vitoriosas e dominantes do futebol brasileiro.
Até aquele momento, o Flamengo era uma potência regional, dono de incontáveis títulos cariocas e de enorme prestígio no Rio de Janeiro. No entanto, ainda buscava se afirmar no cenário nacional. A conquista do Brasileirão de 1980 mudou esse panorama para sempre, pavimentando o caminho que, um ano depois, levaria o clube a conquistar a América e, em seguida, o mundo.
A trajetória do Flamengo até o título
A campanha do Flamengo no Campeonato Brasileiro de 1980 foi consistente, embora ainda não cercada do favoritismo absoluto que o time carregaria nos anos seguintes. O elenco era forte, mas enfrentava desconfiança fora do Rio de Janeiro. O Rubro-Negro precisou superar grandes desafios ao longo da competição, especialmente na fase decisiva, enfrentando alguns dos clubes mais tradicionais e poderosos do país.
O mata-mata foi uma verdadeira maratona de grandes jogos. O Flamengo deixou pelo caminho equipes como Coritiba e Atlético-MG, este último, seu adversário na grande final.
O time que encantou o Brasil
O Flamengo de 1980 tinha uma espinha dorsal extremamente sólida. Na grande final, o técnico Cláudio Coutinho escalou a seguinte formação: Raul; Toninho, Manguito, Marinho e Júnior; Carpegiani, Andrade, Tita e Zico; Nunes e Julio César. Durante o jogo, Carlos Alberto e Adílio também entraram em campo e tiveram participação decisiva.
Além desses nomes, o elenco contava com outros jogadores fundamentais, como Rondinelli, Reinaldo Gueldini e Carlos Henrique, que fizeram parte desse processo histórico.
Zico era, sem dúvida, o grande maestro da equipe. Ao lado dele, nomes como Júnior, Andrade, Raul e Nunes formaram uma base que não apenas conquistou aquele título, mas também deu início à fase mais dourada da história do clube.
Cláudio Coutinho: o mentor da glória
O comandante daquele esquadrão era o treinador Cláudio Coutinho, um dos técnicos mais visionários do futebol brasileiro. Coutinho trouxe para o Flamengo conceitos táticos modernos para a época, como a maior participação dos laterais – com as ultrapassagens -, a valorização da posse de bola e uma organização coletiva que fugia dos padrões do futebol brasileiro naquele período.
Sob sua liderança, o time não apenas venceu, mas também encantou. A proposta de jogo era ofensiva, agressiva e, ao mesmo tempo, extremamente bem organizada. Coutinho foi fundamental na construção do modelo que, posteriormente, seria a base para as conquistas da Libertadores e do Mundial em 1981, já sob o comando de Paulo César Carpegiani.
Infelizmente, o futebol perderia Coutinho precocemente. O treinador faleceu em 1981, pouco depois do título mundial, vítima de um acidente de mergulho. Mas seu legado segue eterno no Flamengo e no futebol brasileiro.
A grande final do Flamengo contra o Atlético-MG
O cenário da decisão era simplesmente épico. 154.355 torcedores lotaram o Maracanã, que ainda contava com a famosa “geral”, para acompanhar o duelo entre Flamengo e Atlético-MG.
O jogo começou com tensão máxima. O Atlético-MG, que também fazia uma campanha brilhante, saiu na frente com um gol de Reinaldo, silenciando momentaneamente o estádio. No entanto, a resposta rubro-negra veio com força e categoria.
Nunes, o eterno Artilheiro das Decisões, marcou duas vezes, virando o placar para o Flamengo. Na sequência, Zico, sempre decisivo, anotou o terceiro gol, praticamente sacramentando a conquista. O Galo ainda diminuiu, mas não foi o suficiente para tirar o título das mãos do Rubro-Negro.
Os protagonistas da conquista
O título de 1980 eternizou uma geração de craques. Zico, principal ídolo da história do clube, foi o artilheiro rubro-negro na campanha, com 21 gols, e foi decisivo em todas as fases do torneio.
Nunes consolidou de vez sua fama de Artilheiro das Decisões, anotando os dois gols na virada histórica contra o Atlético-MG. No gol, Raul exibia toda sua experiência e liderança. Referência dentro de campo, o goleiro foi peça-chave ao longo de toda a campanha.
No meio-campo, Andrade e Adílio formaram uma dupla que unia classe, talento e muita intensidade. Júnior, pela lateral esquerda, já dava sinais de que se tornaria um dos maiores jogadores da história do Flamengo e do futebol brasileiro.
O início de uma dinastia
Mais do que uma simples conquista, o Campeonato Brasileiro de 1980 representou uma transformação definitiva no patamar do Flamengo. O título nacional abriu as portas para que aquele time histórico chegasse ainda mais longe, conquistando a Libertadores e o Mundial no ano seguinte

