Era Ednaldo Rodrigues na CBF perto do fim

Redação

maio 6, 2025

O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, vive um calvário e pode deixar o cargo. Pressionado por diversas frentes — imprensa, deputados e até ministros do STF (leia-se Gilmar Mendes) — o dirigente enfrenta um dos momentos mais críticos de sua gestão. Acusações graves pairam sobre sua permanência à frente da entidade máxima do futebol brasileiro. Além disso, aliados estratégicos já demonstram sinais de afastamento.

A crise institucional, que antes era restrita aos bastidores, agora toma conta do debate público. A situação se agravou após revelações envolvendo o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), do qual o ministro Gilmar Mendes é sócio. Segundo denúncia da revista Piauí, a instituição assumiu a gestão da CBF Academy, recebendo 84% das receitas do projeto, enquanto a própria CBF ficou com apenas 16%.

Gilmar Mendes já não é mais aliado

A reportagem revela ainda que o IDP lucrou mais de R$ 9 milhões apenas em 2023. O vínculo contratual entre as duas instituições gerou incômodo. Especialmente porque Gilmar Mendes, além de sócio do IDP, foi quem concedeu a liminar que manteve Ednaldo Rodrigues no cargo em outubro de 2024. O caso gerou reações imediatas no Supremo Tribunal Federal.

Durante uma sessão, o ministro André Mendonça ironizou a decisão: “São coisas extravagantes que acontecem nos processos e que precisam ser anotadas”. A resposta veio de pronto: “Vossa Excelência entende mais de extravagâncias do que eu”, retrucou Gilmar Mendes. No entanto, Mendonça foi firme: “Pode ter certeza que não, ministro Gilmar, porque, quando eu me deparei com esses fatos, a impressão que dá é se a CBF resistiria a uma investigação.”

Esses diálogos revelam o clima de desconforto entre os ministros. A pressão interna e externa segue aumentando. Até mesmo antigos aliados já consideram insustentável sua permanência.

Perícia acusa falsificação de assinatura

O mais recente capítulo dessa crise envolve a deputada federal Daniela do Waguinho. A parlamentar, que também foi ministra do Turismo no governo Lula, pediu ao STF o afastamento imediato de Ednaldo. A alegação é grave: falsificação de assinatura em um acordo firmado em janeiro de 2025. O documento garantia estabilidade ao dirigente no comando da entidade.

Daniela levou ao plenário um parecer técnico de uma perita grafotécnica. A análise forense aponta que o Coronel Nunes, ex-presidente da CBF e então vice da entidade, não possuía condições clínicas de assinar o acordo. Termos como “impossibilidade de vinculação do punho” e “fragilidade do documento questionado” são destacados no laudo técnico. O caso se torna ainda mais delicado diante da possível invalidação de um documento que sustentava a permanência de Ednaldo no cargo.

Parecer técnico mostra que a assinatura do Coronel Nunes pode ter sido falsificada. A própria condição médica do ex-dirigente já era conhecida à época, o que levanta suspeitas sobre quem realmente firmou o documento. Por isso, a parlamentar solicitou a abertura de uma investigação imediata.

Caminho sem volta?

Fontes próximas ao Supremo indicam que Gilmar Mendes já não demonstra o mesmo apreço por Ednaldo. A associação direta entre seu nome e os negócios da CBF Academy com o IDP provocou desgaste. Internamente, o ministro tem evitado comentar o assunto. Porém, nos bastidores, é evidente o desconforto.

Enquanto isso, deputados e lideranças políticas pressionam pela renúncia. Alguns já cogitam uma intervenção federal no comando da confederação, caso o impasse se prolongue. O clima é de total instabilidade.

O cenário é de incerteza. A entidade, que já vinha fragilizada, agora enfrenta uma tempestade política, jurídica e institucional. A queda de Ednaldo parece cada vez mais provável.