O presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, tentou recorrer diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar sua saída definitiva da entidade. Em um gesto de desespero político, Ednaldo fez uma ligação durante uma viagem oficial do chefe do Executivo à Rússia, na esperança de obter apoio do Planalto. No entanto, segundo revelou o jornal O Globo, Lula ignorou o pedido, deixando claro que não se envolveria em uma disputa interna da CBF. Sem respaldo do governo federal, o dirigente perdeu o fôlego na sua última cartada para seguir à frente do futebol brasileiro.
A tentativa de aproximação com Lula não foi suficiente para conter a queda de Ednaldo. Na quinta-feira (15), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou o afastamento imediato do presidente da CBF. A decisão partiu do desembargador Gabriel Zefiro e teve fundamento na revelação de uma fraude gravíssima dentro da entidade. Dessa forma, a Justiça nomeou um interventor para comandar a confederação temporariamente e convocou novas eleições para a escolha de uma nova diretoria.
Entenda a queda de Ednaldo
A princípio, a crise estourou após a identificação de uma assinatura falsa em um documento fundamental para a permanência de Ednaldo no cargo. A assinatura em questão pertencia ao Coronel Nunes, um dos vice-presidentes da entidade, e aparecia como válida em um acordo extrajudicial que havia encerrado uma ação contra o processo eleitoral que conduziu Ednaldo à presidência. No entanto, a Justiça concluiu que Nuner nunca havia assinado aquele documento.
Esse acordo, firmado por cinco dirigentes da CBF, foi o pilar jurídico usado por Ednaldo para blindar sua reeleição, oficializada em abril deste ano. Com a comprovação da fraude, o acordo perdeu validade. O caso foi reaberto e a Justiça anulou os seus efeitos, o que comprometeu diretamente a legalidade da permanência de Ednaldo na presidência da CBF. A repercussão da decisão jogou a entidade em uma nova fase de turbulência, marcada agora pela intervenção judicial.
Ednaldo Rodrigues, que assumiu a presidência da CBF em março de 2022 após a renúncia de Rogério Caboclo, já enfrentava uma série de desgastes. Sua gestão foi marcada por disputas internas, questionamentos sobre transparência e críticas ao relacionamento com federações estaduais. Ainda assim, ele contava com o apoio de parte das federações regionais e buscava costurar apoios no Congresso e no governo federal para garantir sua continuidade.
A decisão da Justiça
Por fim, a decisão do TJ-RJ não apenas afastou Ednaldo como impôs um novo cenário para o futuro da CBF. Com a nomeação de um interventor, a entidade entra em regime de exceção e deverá passar por uma reestruturação institucional. As novas eleições podem ocorrer ainda em 2025, mas tudo dependerá do andamento das investigações e da estabilidade jurídica do processo. O momento é de incerteza.

