O Premiere, serviço de pay-per-view do Grupo Globo, enfrenta uma crise sem precedentes em meio à escalada da pirataria no Brasil. Embora o número de assinantes ainda seja considerável, a emissora não consegue transformar esse alcance em rentabilidade. Conforme revelou Manuel Belmar, diretor de produtos digitais, finanças, jurídico e infraestrutura da Globo, a pirataria gera um prejuízo estimado em cerca de R$ 500 milhões por ano.

Em entrevista ao portal F5, da Folha de São Paulo, o executivo afirmou que quatro entre cada cinco pessoas que assistem aos jogos por rodada do Campeonato Brasileiro não pagam pela assinatura. Dessa forma, segundo ele, a situação se torna insustentável para a emissora, que arca com os altos custos de transmissão sem o retorno financeiro correspondente.
Diretor da Globo culpa a pirataria por prejuízo e alerta para risco de colapso no setor
Diante desse cenário, o diretor da Globo culpa a pirataria por prejuízo expressivo e classifica o panorama como trágico. De acordo com Manuel Belmar, a emissora tem recorrido às ligas nacionais – como a Libra e a Liga Forte União – em busca de apoio efetivo no combate à prática ilegal. Segundo ele, a Globo se vê sozinha nessa batalha, mesmo recebendo algum suporte do governo.
Apesar dos esforços, a situação piora com o passar das temporadas. O profissional argumenta que o avanço da pirataria atinge não apenas o Premiere, mas todo o portfólio digital do grupo. Ele ressalta que, enquanto a pirataria se alastrar de forma descontrolada, o poder de oferecer preços mais baixos aos consumidores permanece limitado, tornando o modelo atual insustentável.
Preço dos direitos e falta de combate comprometem sustentabilidade
Belmar destaca que os custos com os direitos de transmissão crescem continuamente. Por isso, não existe mais espaço para cortes de preços sem comprometer a operação. Ele alerta que a indústria enfrenta uma ameaça direta à sua existência, sendo urgente que clubes, ligas e até o próprio consumidor encarem o problema com seriedade.
Hoje, o Premiere conta com cerca de 2,5 milhões de assinantes. No entanto, essa base gera uma receita anual de aproximadamente R$ 750 milhões, valor suficiente apenas para cobrir os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Dessa maneira, o serviço de pay-per-view não consegue gerar lucros reais para a Globo, tornando-se um investimento de retorno limitado.
Diretor da Globo culpa a pirataria por prejuízo e cobra ação coletiva
Com base nos dados divulgados pela emissora, caso a pirataria fosse de fato combatida, o Premiere poderia alcançar uma arrecadação de até R$ 1 bilhão apenas com assinaturas. Por esse motivo, o diretor da Globo culpa a pirataria por prejuízo repetidamente e insiste na necessidade de uma mobilização mais ampla.
Ainda segundo Belmar, essa situação endêmica exige medidas urgentes e coordenadas. Ele entende que o consumidor precisa ser conscientizado sobre os impactos da pirataria no produto final. Além disso, acredita que os clubes também devem assumir responsabilidade, pois o desinteresse pelo combate afeta diretamente os cofres das equipes e o valor de mercado do futebol brasileiro.
Caminho incerto para o futuro das transmissões
Por fim, Manuel Belmar conclui que, sem uma solução concreta, o modelo de transmissões esportivas corre o risco de entrar em colapso. A Globo, ainda que continue investindo em tecnologia e conteúdo exclusivo, não conseguirá manter o nível atual de entregas caso o prejuízo avance.
Diante disso, a emissora segue pedindo apoio institucional, social e esportivo. Afinal, a sustentabilidade da cobertura esportiva depende diretamente da consciência coletiva sobre o impacto da pirataria. Enquanto isso, o futuro do Premiere e das transmissões do Brasileirão continua incerto.

