Na última janela de transferências o Flamengo gastou quase R$ 300 milhões, fazendo o período de contratações mais caro de sua história, após desistir da contratação de Mikey Johnston. O atacante irlandês foi monitorado pelo scout do clube e seria comprado do West Bromwich, da segunda divisão da Inglaterra, por 5 milhões de libras.
No entanto, o presidente Bap vetou a contratação do atacante, o que gerou um atrito com o diretor de futebol José Boto na época. Em entrevista ao “Uol”, o dirigente criticou a cultura no futebol brasileiro e disse que houve um erro dele de timing (tempo) pelo fato de Mikey ser a primeira contratação do Flamengo na janela.
“Acho que houve uma questão de timing, porque se ele não fosse o primeiro, se fosse no meio do Saúl e do Samuel Lino, se calhar a torcida tinha outra reação. É óbvio, o trabalho de scouting é trazer jogadores que ninguém conhece. Eu venho de um país que é bem famoso principalmente por esse tipo de movimentos, vim buscar aqui jogadores como o David Luiz, que em Portugal ninguém tinha ouvido falar”, destacou antes de completar:
“Há uma cultura enraizada de fazer isso em Portugal, que aqui no Brasil vão ter que acabar por fazer. Muitos dos clubes, o Flamengo não, até porque não precisa, mas muitos dos clubes vão ter que começar a fazer isso e gerirem mais para aquilo que são as necessidades reais deles, do que gerirem para fora, para a mídia, para a torcida”, disse Boto.
Boto revela que o Flamengo buscará nomes alternativos
Mesmo dizendo que o Flamengo não precisa atacar mercados alternativos pelo seu poderio financeiro, Boto afirmou que continuará buscando jogadores pouco conhecidos, como fez com Juninho no início do ano.
“O Sporting este ano vendeu o Gyökeres por 70 milhões de euros. Se eu quisesse trazê-lo para o Flamengo acho que ninguém diria nada. Mas quando o Sporting, que pagou 20 milhões de euros por ele na segunda liga inglesa, acho que isso aqui era impossível pela reação que vi com uma que custava 5 milhões. Aí nós também temos que ter inteligência de adaptarmos aquilo que são as diferenças culturais e das suas próprias torcidas”, disse o dirigente.
“Se o Juninho tivesse feito 20 gols, se calhar a gente teria trazido o Mikey Johnston sem grande problema. Mas é óbvio que em um clube como o Flamengo, com a dimensão do Flamengo, acho que tem que fazer um mercado misto entre os jogadores. Os que são realmente nomes impressionáveis e jogadores que, não sendo esses nomes, vão agregar à equipe e vão dar ainda mais anos de rendimento esportivo ou até financeiro”, destacou ele.
Vale lembrar que Juninho foi a primeira contratação de José Boto no Flamengo, mas o atacante não conseguiu se firmar. Ele soma três gols e 27 jogos, sendo só sete como titular.

