Atlético-MG fecha 2024 com dívida de R$ 1,8 bilhão; entenda

Redação

maio 17, 2025

O Atlético-MG encerrou o ano de 2024 com um déficit alarmante nas contas. A dívida total do clube atingiu R$ 1,814 bilhão, número que representa um aumento de mais de R$ 400 milhões em relação ao ano anterior. O balanço, divulgado nesta sexta-feira (17) pela SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Galo, escancarou um prejuízo de R$ 299 milhões no exercício financeiro.

Entenda as dívidas do Atlético-MG

A matemática do rombo é simples, mas preocupante. Mesmo com uma receita operacional de R$ 419 milhões no ano, o Atlético-MG gastou R$ 323 milhões apenas com folha salarial, número que ajuda a explicar parte do desequilíbrio. Além disso, o clube segue afogado em dívidas bancárias, que somam cerca de R$ 941 milhões — o maior passivo financeiro do Galo hoje. Os altos juros e despesas financeiras, por sua vez, corroem boa parte do caixa e das margens de lucro.

Para entender como o Atlético-MG chegou a essa cifra bilionária, é preciso mergulhar nos números. A dívida bruta da SAF atinge R$ 2,376 bilhões, considerando os valores a pagar no curto (até um ano) e longo prazo (acima de um ano). Deste montante, são abatidos R$ 120 milhões em receitas antecipadas a curto prazo, R$ 433 milhões a longo prazo e R$ 9 milhões que restaram em caixa ao fim do ano. Dessa forma, chega-se ao valor líquido da dívida: R$ 1,814 bilhão.

O clube contestou

O clube, por sua vez, contestou parte da metodologia usada na apuração do passivo. Em nota, a SAF do Atlético afirmou:

“Com relação à matéria veiculada pelo ge.globo referente ao Relatório de Gestão de 2024 do CAM, o clube ressalta que foram utilizadas metodologias diferentes de cálculo. O Galo considera para efeitos de cálculo do endividamento todos os seus passivos menos os seus ativos que possuem efeito caixa, enquanto a referida reportagem exclui as contas a receber do clube.”

Relatório do balanço do Atlético-MG apontando valores da dívida — Foto: Reprodução
Relatório do balanço do Atlético-MG apontando valores da dívida — Foto: Reprodução

Apesar da explicação, o tom das reações dentro e fora do clube é de preocupação. A promessa feita quando o Atlético-MG se tornou SAF era a de que toda a dívida seria quitada até 2026, por meio da reestruturação administrativa e das injeções financeiras dos investidores. Passados dois anos desde a conversão, o cenário é outro. O endividamento cresceu e não há mais previsão de quando será zerado.

Um futuro incerto e sem data para alívio

No início da era SAF, a diretoria do Atlético projetava o fim da dívida em até quatro anos. Agora, a própria cúpula do clube admite que a meta de 2026 não será cumprida. A nova estimativa, segundo os bastidores, é que os números passem a cair apenas a partir de 2028 — quando o clube espera ter maior previsibilidade de receitas, principalmente com a inauguração plena da Arena MRV, o sucesso esportivo da equipe principal e novas estratégias comerciais.

Vasco anuncia rescisão com Souza e Manuel Capasso  – Jornal dos Sports – Tudo sobre o mundo do esporte

Despesas elevadas com elenco e contratações

Entre os fatores que ajudam a explicar o resultado negativo do Atlético-MG em 2024 está a política agressiva de contratações e manutenção de elenco. A folha salarial de R$ 323 milhões, uma das maiores do país, é considerada alta para um clube que não conquistou títulos relevantes na temporada. Além disso, o Galo também enfrentou dificuldades para honrar compromissos com outros clubes pelas compras de jogadores.

O clube deve valores ao Botafogo, Cuiabá, Corinthians, Athletico-PR e Coritiba pelas contratações de nomes como Júnior Santos, Deyverson, Fausto Vera, Cuello e Natanael. O Corinthians chegou a acionar a CNRD (Câmara Nacional de Resolução de Disputas), enquanto o Cuiabá já havia ingressado na Justiça em 2023 pelo mesmo motivo.

Venda de atletas: alívio pontual, mas insuficiente

Por fim, se por um lado as receitas com negociações de atletas ajudaram a amenizar o rombo, por outro, não foram suficientes para inverter a curva do prejuízo. O Atlético-MG lucrou R$ 183 milhões com vendas em 2024, incluindo a transferência de Paulinho ao Palmeiras, que gerou R$ 102 milhões aos cofres alvinegros.

A negociação, apesar de vultuosa, também levantou críticas por enfraquecer o time em meio à disputa do Brasileirão e da Libertadores. Ao depender de negociações milionárias para equilibrar as contas, o clube entra em um ciclo perigoso: vende seus principais ativos esportivos para cobrir buracos financeiros, o que impacta diretamente a competitividade dentro de campo e afasta torcedores e patrocinadores.