Embora se gabe por ter estilo ofensivo ao longo de seus quase 130 anos, o Flamengo tem um histórico de treinadores defensivos. Apesar de seu ídolo maior ser um craque cuja técnica se destacava – leia-se Zico -, o clube da Gávea adora exaltar “jogadores raçudos que dão carrinhos”. E isso é refletido fora de campo.
Não à toa, o Rubro-Negro teve em sua história, principalmente a mais recentes, pelo menos há três décadas, treinadores que sempre priorizavam a defesa, enchiam o time de volantes e usavam uma única estratégia: o contra-ataque.
Joel Santana, por exemplo, teve cinco passagens pelo Flamengo: 96, 98, 2005, 2007/2008 e 2012. Abel Braga, também adepto do estilo defensivo, comandou o time duas vezes: 2005 e 2019, ano que saiu execrado por não conseguir impor seus métodos e ficar marcado por “não ter pedido Arrascaeta e Bruno Henrique”. Nessa lista recente, ainda há Ney Franco, Mano Menezes, Jorginho, Cristóvão Borges, Zé Ricardo e Renato Gaúcho. TODOS DEFENSIVOS!
Agora, Tite, reconhecido mundialmente pelo estilo conservador, comanda o Rubro-Negro, e, obviamente, recebe uma chuva de críticas. Ora, não parece incoerente. Afinal, o torcedor se acostumou a ter treinadores defensivos por décadas. E a idolatrar jogadores com esse estilo.
Os comandantes ofensivos, pelo menos na história recente, são raríssimos.
Afinal, o Clube de Regatas do Flamengo não foi fundado em 2019, tampouco Jorge Jesus foi seu único treinador.
A atual diretoria rubro-negra sabe disso. Ou pelo menos finge saber. Ou não saber. É confuso mesmo.
Optaram por uma medida segura para garantir a eleição. Mas não está parecendo ser tão segura assim.
Segurança mesmo era trazer de volta Jorge Jesus, que virou desafeto de Rodolfo Landim, por não aceitar a primeira proposta para retornar ao clube, ainda em 2023.
Tá, sabemos que a saída em plena pandemia não foi bem digerida também.
Qual o critério de uma gestão para contratar Tite, Renato Gaúcho e Paulo Sousa após ver JJ fazer história ao resgatar o futebol ofensivo do clube, visto na Era Zico e não depois disso?
A culpa é do treinador, que construiu uma carreira vencedora com estilo defensivo, totalmente diferente às tradições do Flamengo?
Xingá-lo é a solução?
Não fosse o Tite, outro treinador seria?
Maurício Souza, Domènec Torrent, Rogério Ceni, Renato Gaúcho, Paulo Sousa, Dorival e Sampaoli foram soluções para essa diretoria?
Mesmo Ceni e Dorival campeões, não!
Vamos pensar um pouco.
De novo: A CULPA É DE QUEM?